Curso de irrigação inova ao abordar Regime Transiente
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Curso de irrigação inova ao abordar Regime Transiente

Curso de irrigação inova ao abordar Regime Transiente

Entre os dias 19 e 23 de agosto, aconteceu na Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) da Unesp, câmpus de Botucatu, o curso “Softwares para Dimensionamento de Sistemas de Irrigação por Aspersão e Localizada”. O curso, de caráter prático, abordou os fundamentos essenciais e avançados no uso de softwares para o dimensionamento de sistemas de irrigação por aspersão e localizada.
Considerado pelos organizadores como inovador e pioneiro na área de agrárias, o curso abordou o nivelamento inicial de hidráulica envolvendo o Regime Transitório e, posteriormente, apresentou o software UFC, com aplicações práticas. A coordenação local ficou a cargo dos professores João Carlos Cury Saad e Rodrigo Máximo Sánchez Román, do Departamento de Engenharia Rural e Socioeconomia da FCA, em parceria com a ABID (Associação Brasileira de Irrigação e Drenagem).
Os facilitadores foram o professor Marco Aurélio de Castro, docente da Universidade Federal do Ceará e desenvolvedor do software UFC e Rodrigo Franco Vieira, diretor de eventos da ABID e doutor em Engenharia Agrícola – Irrigação e Drenagem pela FCA, com experiência em empresas e órgãos públicos como projetista de sistemas de irrigação e consultorias em recursos hídricos. As 24 vagas oferecidas foram preenchidas por alunos de pós-graduação, projetistas e CEOs de empresas de irrigação, além de servidores da Sabesp.
Segundo o professor Marco Aurélio, a formação não apenas de engenheiros agrônomos, mas também de engenheiros civis e ambientais, costuma abordar as questões de hidráulica ligadas ao transporte de água, ensinando apenas o dimensionamento de sistemas pelo chamado Regime Permanente, ou seja, aquele em que a vazão e a pressão não variam com o tempo.
No entanto, ao longo dos anos e em diferentes lugares, já houve inúmeras ocorrências registradas, algumas delas de grandes dimensões, como explosões e achatamentos de adutoras, difíceis de explicar considerando-se apenas o Regime Permanente. Os profissionais da área passaram então a considerar o que foi denominado como Regime Transiente ou Transitório. “Já no século XIX surgiram os primeiros artigos explicando que existe algo chamado Regime Transiente ou Transitório, que ocorre quando há uma mudança brusca na operação de uma adutora por exemplo”, explica o professor Marco Aurélio. “Quando uma válvula é fechada ou uma bomba desligada abruptamente, tem-se o Regime Transiente, ou seja, vazão e pressão vão variar num período de tempo. O Regime Transiente é caracterizado por ondas de sobrepressão, que podem atingir pressões às vezes duas ou três vezes o valor do Regime Permanente, e de subpressão. Por isso que eventualmente adutoras explodem ou deformam, achatando”.
O chamado Regime Transiente configura-se num problema matematicamente muito mais complexo do que o Regime Permanente. “Analisar essas questões matematicamente é muito difícil. Por isso, a prática tradicional da engenharia negligenciou esse problema”, afirma o professor Marco Aurélio. “Com o surgimento e a evolução dos computadores, foi possível caracterizar o fenômeno, identificar os locais de ocorrência de sobrepressão e de subpressão, permitindo a adoção de medidas preventivas. Podemos dizer que está havendo uma revolução. Em países mais desenvolvidos como Europa, Estados Unidos e Israel, já é praxe analisar o Regime Transiente. Aqui no Brasil, na área de Agronomia, não é praxe. Mas isso está mudando e um dos exemplos é esse curso. O que temos aqui é uma universidade de prestígio nacional e Internacional, como a Unesp de Botucatu, percebendo a oportunidade de se mudar o currículo da graduação e da pós-graduação para que os formandos tenham as noções básicas sobre Regimes Transientes. E com a esperança de que menos acidentes possam acontecer”.
Para trabalhar com esses regimes o curso ensinou o uso do Sistema UFC, desenvolvido pelo professor Marco Aurélio. “Acredito que seja o primeiro curso com essas características ministrado numa universidade na área de agrárias. Os participantes saem daqui capacitados para entender e trabalhar com o software. Não é apenas com esse curso que os profissionais vão projetar sistemas de proteção de regimes transientes. Isso é um pouco mais complexo. Mas pelo menos sairão do curso sabendo o que é o problema e qual o caminho para resolvê-lo”.
O professor Saad destacou a importância da FCA trazer o tema para as salas de aula, de maneira pioneira. “No campo, acontecem muitos fatos que são considerados meros acidentes. Por exemplo, quedas de energia são comuns no campo, por conta da instabilidade das redes, isso é um potencial gerador de um problema de regime transiente. Muitas vezes se sabe que aconteceu um problema, mas não se sabe a causa. É um trabalho de conscientização. Reconhecer que o problema existe, gera perdas, para então começarmos a entender e trabalhar com ele. Ao trazer um curso com essa temática na FCA damos um passo à frente. Reconhecendo que o assunto é importantíssimo e precisa ser trazido para nosso currículo, para a formação do nosso aluno”. O professor Rodrigo Román complementa. “Um acidente no campo não acontece por acaso. Existem explicações técnicas e científicas. É preciso estudar as causas. Mesmo sendo algo complexo de resolver”.
Rodrigo Vieira destacou o esforço dos profissionais da FCA e o apoio da Fundação de Estudos e Pesquisas Agrícolas e Florestais para que o curso acontecesse. “Tenho a maior honra de trazer esse tema para a Unesp, que acreditou. Há, em algumas universidades, uma resistência a olhar para esse tema. Como diretor da ABID, profissional da área e ex-aluno da FCA estou sempre à disposição para continuarmos a tratar desse assunto”.



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